sábado, 2 de outubro de 2010

Uma visão panorâmica

Guerra Fria foi um período em que a guerra era improvável, e a paz, impossível. Com essa frase, o pensador Raymond Aron definiu o período em que a opinião pública mundial acompanhou o conturbado relacionamento entre os Estados Unidos e a União Soviética.A divisão do mundo em dois blocos, logo após a Segunda Guerra Mundial, transformou o planeta num grande tabuleiro de xadrez, em que um jogador só podia dar um xeque-mate simbólico no outro. Com arsenais nucleares capazes de destruir a Terra em instantes, os jogadores, Estados Unidos e União Soviética, não podiam cumprir suas ameaças, por uma simples questão de sobrevivência.

A paz era impossível porque os interesses de capitalistas e de comunistas eram inconciliáveis por natureza. E a guerra era improvável porque o poder de destruição das superpotências era tão grande que um confronto generalizado seria, com certeza, o último. Hoje, podemos ver isso claramente. Mas, na época, a situação se caracterizava como o equilíbrio do terror.

A propaganda ideológica
Na Guerra Fria, os temas dO poder da imagem no século XX

O poder da imagem tornou-se questão estratégica durante o século XX, com o desenvolvimento de mídias de grande impacto como a fotografia, o cinema, o rádio e a televisão. Com o avanço da tecnologia, a reprodução e o alcance das comunicações passaram a abranger virtualmente todo o planeta.

Esse apelo à imagem já podia ser notado na
Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918. Ele foi fundamental para a criação de um espírito nacionalista nos dois lados em luta. Um recurso muito utilizado na Primeira Guerra foi a reprodução de milhares de cartazes para estimular o alistamento e pedir contribuições em dinheiro e em horas de trabalho pelo chamado "bem da pátria". Não por acaso, a propaganda visual tornou-se uma das partes centrais da monumental máquina de guerra de Adolf Hitler.

O ministro da Propaganda,
Josef Goebbels, foi peça-chave do esquema nazista durante a Segunda Guerra, entre 1939 e 1945. Nas mensagens publicitárias e filmes produzidos sob orientação dele, as imagens depreciavam de forma explícita os judeus, os comunistas e outros inimigos do nazismo. Na verdade, o auge da utilização bélica da imagem aconteceu durante a Guerra Fria. No lugar dos mísseis, disparavam-se as armas da propaganda. Em vez de ogivas nucleares, detonavam-se mensagens persuasivas elaboradas cuidadosamente. Os objetivos eram ganhar a simpatia da opinião pública e procurar convencer o outro lado de sua superioridade militar.
a propaganda ideológica eram complexos porque envolviam ideais distintos de vida, democracia e felicidade. No bloco soviético, por exemplo, esses ideais refletiam o processo político desencadeado com a Revolução de 1917.

Mas a Rússia de 1917 era um país essencialmente rural. Era necessário realizar um salto tecnológico, como forma de se criar empregos. Segundo Lênin, o sucesso do socialismo dependia do sucesso do programa de industrialização do país. Essa imagem, associando felicidade e produção industrial, perduraria por toda a existência da União Soviética. Nos primeiros anos da revolução, a indústria do cinema soviético já aparecia como um veículo de reforço dos ideais socialistas. Foram produzidos filmes como o clássico "O Encouraçado Potemkin" e "O Fim de São Petersburgo".

O realismo socialista

Para os soviéticos, essas manifestações artísticas evidenciavam uma sociedade deteriorada. A rigidez na vida cultural sovA partir dos anos 30, a imagem que a União Soviética fazia de si mesma era moldada por uma corrente estética denominada Realismo Socialista. Ela surgiu durante um congresso de escritores em 1934, com a participação de Máximo Gorki. A corrente deveria consagrar a arte como canal de expressão dos princípios marxistas. Os artistas passaram a buscar inspiração no folclore nacional e na vida simples do operário e do camponês. Em pouco tempo, no entanto, as diretrizes do congresso tornariam-se instrumento político nas mãos de Josef Stalin.

O Realismo Socialista condenava a arte abstrata, considerada um símbolo da decadência capitalista. Também não aceitava o jazz e outros iética, no entanto, não afetou o exercício de uma das atividades em que os russos sempre alcançaram níveis de excelência: a dança clássica. O
Balé Bolshoi, uma das companhias de dança mais tradicionais do mundo, manteve suas produções de obras clássicas do século XIX, e apresentava-se com grande sucesso nos palcos dos países ocidentais.

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